NOTA "0" DE PATRÍCIA KOGUT NO JORNAL O GLOBO (http://kogut.oglobo.globo.com/notici...ta-0/3829.html)




"Para a farra da dublagem na TV por assinatura. Ela é diretamente proporcional à enxurrada de reclamações (que a coluna endossa). Numa única tarde, o AXN exibia “CSI: New York”, o Sony, “Castle”, o Animal Planet, “Vídeos divertidos”, o TNT, “Toy story” e o Space, “007 contra o Goldeney”. Todos falados em português. Parecia televisão aberta. E a promessa de agradar também quem prefere legendas?"




Nota dos Dubladores


Patrícia Kogut.


Lastimável o seu preconceito em relação à dublagem, principalmente pelo fato de sequer conhecer o processo do nosso trabalho.
Penso que em todas as áreas profissionais há trabalhos bons e ruins. Muitas vezes temos bons profissionais que, por preguiça ou comodismo, acabam fazendo trabalhos medíocres, outras vezes temos profissionais limitados porém esforçados, que conseguem realizar belos trabalhos, e temos ainda aqueles profissionais excelentes, que por serem talentosos e dedicados, acabam se destacando profissionalmente. Sendo assim , nem tudo o que se faz em dublagem é excelente mas nem tudo é "lixo" , como você insiste em insinuar nos seus comentários parciais e maldosos. Exatamente como em outras profissões. Exatamente como no jornalismo, POR EXEMPLO, onde há gênios formadores de opinião no que se refere às questoës mais profundas da humanidade e profissionais medíocres, fúteis e sem conteúdo, se apresentando nos variados segmentos da informação.
Outro fato incontestável cara Patrícia: há espaço pra todos, porque há consumidor/espectador/leitor para todo tipo de produto.
Me parece que vivemos um tempo onde buscamos cada vez mais a democracia e o livre arbítrio.
Nesse caso, no caso do filme dublado, quem não quiser essa versão basta usar os recursos que a tecnologia (santa tecnologia!) nos oferece. No controle remoto temos a opção que mais nos apraz. Nāo é preciso fazer campanha contra dublagem, legenda ou audio original. Precisamos apenas usar a tecla certa do controle remoto e tudo será resolvido. "on/off" inclusive!
Simples assim!!!
Gostaria de convidar você para passar algumas horas em um estúdio de dublagem, para que assim você possa "odiar" nosso trabalho com embasamento profissional.
Grata pela atenção.


Mônica Rossi
Dubladora e Diretora de Dublagem




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Olá Patricia,


Espero mesmo que seja você, dada a confusa forma que algumas pessoas dão-se contam e transmutam-se em outras nesta rede social.


Sou ator e diretor de dublagem -milito na área hpa 21 anos - e vi o seu comentário sobre a "enxurrada" de produtos dublados no país. Entendo que possa ter algo contra um produto feito em versão brasileira, mas acredito que a sua televisão a cabo possua um controle no qual possa adicionar legendas e escolher a opção do áudio - caso contrário, favor reclamar com a usa operadora.


Tenho visto com muito espanto este crescente onda de críticas a material dublado no nosso país. Empresas do porte da Disney já publicamente ressaltaram o padrão de qualidade no nosso país e afirmam veementemente que a nossa dublagem é a melhor do mundo. Vamos tirar este fato de pauta, afinal, empresas como esta provavelmente não devem importar para basear-nos nesse conceito e elogio, não?


Podemos, então, adentrar nesta brava nova indústria de jogos dublados. O que acha? O crescimento tem-se tido vertiginosamente e, em dois anos, teremos mais da metade do trabalho da dublagem como sendo força-motriz para o trabalho dos atores. Ademais, seremos o segundo maior mercado da América e o quinto maior do mundo.


Tudo isto deve-se muito à dublagem. Produtos dublados, em comparação a não-dublados vendem MUITO mais: alguns caso, o aumento chega a ser de 500%. E, mesmo assim, há uma crítica pertinente quanto à dublagem.


Bom, tiramos a qualidade e a quantidade da pauta. O que sobra? A Classe C e D subindo e podendo acessar a tevês à cabo, necessitando de obras dubladas por falta de acesso a um curso de inglês. Mas eles também não contam, certo?


Vamos, então, avaliar a necessidade dos portadores de deficiência visual. Eles também, segundo a sua lógica, deveriam fazer obrigatoriamente curso de inglês. Concordo em gênero e número - grau nunca se concorda, aliás.


Vamos, então analisa sobre qual prisma? Ah, sim, o da qualidade. Concordo com você que certos produtos não possuem um padrão de qualidade. Nisso eu concordo com a senhora e deveríamos discuti-los parcimoniosamente e de maneira criteriosa. Afinal, não posso falar que "todo repórter escreve besteira" se nem todos o fazem, correto?


Afirmo ainda que entendo que certas opiniões possam ser emitidas sem um critério lógico estabelecido e possa ter vindo de um arroubo emocional - mas, caso tenha sido esse o seu caso, peço que reflita sobre o que escreveu. Todas as pessoas que são da mídia ou a ela tem um acesso fácil tem um dever moral e ético - sim, são duas coisas diferentes - de apurar o fato e ser imparcial - no sentido de não direcionar as pessoas para que coadunem com a sua própria opinião.


Ademais, gostaria de acrescentar que leio sua coluna regularmente e gosto da maior parte do que publica. Críticas a novelas, em geral, são muito acima da média do que eu vejo por aí. Parabenizo-a por isso.


Grato,


Gustavo Nader