Morre o homem, fica a fama.
1998 estava apenas começando e eu, desempregado vi um anúncio no jornal que me interessou. Como eu preenchia os requisitos, mandei meu humilde currículum. E entre tantos, fui selecionado para o curso, havendo a possibilidade de uma contratação para os mais bem avaliados. Fui o quarto mais bem avaliado mas descobri que só havia 3 vagas, como um dos candidatos desistiu da vaga, fiquei com uma delas. Fui contratado como operador de áudio e em menos de 1 ano fui promovido a mixador de áudio e vídeo. A cada 10 anos a minha vida se transforma, é como um ciclo que aprendi a respeitar com o tempo e eis que depois de 10 anos de VTI bati na porta do Dr. Vitor com uma proposta pretensiosa que só a coragem jovial é capaz de explicar. Pedi pra ser demitido, não queria perder meus direitos trabalhistas e pedi pra ser contratado como dublador. Nunca vou me esquecer dessa reunião e das palavras dele que tinha idade pra ser o meu pai. Apesar de todas as nossas diferenças, a nossa relação sempre foi de muito respeito mútuo, nunca discutimos e pra quem o conheceu, sabe que isso é muita coisa. Dr. Vitor me olhou por um tempo com uma cara espantada e começou o discurso, porque ele não falava, ele discursava. Ele disse que estava surpreso, não entendia porque um excelente profissional, estabilizado na profissão estava se arriscando, mudando de profissão mesmo não sendo mais um jovenzinho mas que ao mesmo tempo me admirava porque eu estava tendo uma coragem que ele mesmo não teve. Disse também que atenderia os meus pedidos, menos o de me contratar como dublador porque ele não estava mais contratando, na verdade estava passando todos os contratados para dubladores eventuais mas que assim que meu vínculo empregatício com a empresa estivesse resolvido, eu poderia começar a dublar na VTI como dublador eventual. E assim foi... Dublei na VTI até o seu encerramento algum tempo depois. Acho que sou o único ex funcionário da VTI que voltou a trabalhar lá. Tivemos um breve encontro depois do fechamento da VTI num shopping. Dr. Vitor estava com o seu inseparável filho, o Dr. Roberto. Conversamos rapidamente, ele comentou que minha voz tinha mudado, estava mais grave e nos despedimos com muitos sorrisos. Fiquei feliz de ver eles tão bem. Sou muito grato a VTI e ao Dr. Vitor Berbara, como gostava de ser chamado. Aprendi muito com a empresa e com todos que passaram por lá. Fica aqui o meu agradecimento.
Depoimento do Marcio Aguena no Facebook