Me pergunto bastante esse tipo de coisa as vezes sobre falecimento de dubladores.
Se o Ézio Ramos tivesse vivido um pouco mais, parece ter morrido bem jovem, poderia ter dublado vários filmes do Bill Murray e do Tom Hanks mesmo nos anos 2000, embora em algum momento creio que ele passaria a dirigir mais e abdicaria desses bonecos pois já tinha o Marco e o Márcio fazendo ambos bastante no Rio, mas pelo menos talvez a gente não tivesse o Tiraboschi fazendo o Murray ou o Tatá fazendo o Tom Hanks.
Se o Darcy Pedrosa tivesse vivido um pouco mais teria dublado a série Walker: Texas Ranger na íntegra, provavelmente seria o Imperador Palpatine na trilogia prequel de Star Wars e na redublagem do episódio V feita lá por 2004; teria talvez dublado Jack Nicholson em filmes como "Tratamento de Choque", "Alguém Tem Que Ceder" e até quem sabe "Antes de Partir", embora o Júlio Chaves tenha feito trabalhos irretocáveis nesses filmes substituindo o saudoso colega.
Se a Ruth Schelske, uma das vozes mais lindas que a dublagem brasileira já teve, não tivesse falecido em 1977 com apenas 38 anos e tivesse tido a chance de ter uma vida completa, longa e feliz como merecia, nossa... teria dublado tanta gente, mais notavelmente provavelmente teria se estabelecido como a voz da Marilyn Monroe no Rio, ao menos na Herbert, de fato é difícil pensar em uma voz melhor, gosto muito da Sandra Campos nela, mas qualquer outra além da Sandra e que não seja a original, sinto um certo vazio, que devia ser ela, devia ser a Ruth.
Se o André Filho não tivesse morrido tão cedo do mal horrível que foi a AIDS, estaria talvez até pouco tempo atrás com a gente, já com voz mais de "vovô", fazendo os atores que sempre fez e certamente outros, talvez estaria sucedendo outros colegas falecidos, porque esse cara fazia todo mundo e muito bem.
Se o Waldir Guedes não tivesse sofrido tanto em seus últimos anos de vida e falecido, se tivesse conseguido ajuda com seus problemas e vícios e endireitado sua vida como merecia, provavelmente teria continuado a ser o bastião da dublagem paulista que foi, provavelmente teria dirigido Tokusatsus na Álamo ao lado de Líbero Miguel e dublado muitos vilões marcantes da época.
Se o Zé Barbeito tivesse desde o início a ajuda que merecia com sua depressão e com seus problemas (que enfim, sabemos, não é necessário ficar repetindo), teria continuado a dublar o Phillip Seymour Hoffman, Oliver Platt, o Owen em Drama Total, talvez tivesse dublado "Antes da Meia-Noite" pra fechar a trilogia com Ethan Hawke e Julie Delpy, talvez não na dublagem original, mas em uma dublagem encomendada pela Globo quem sabe.
O "E se" nesses casos não tem fim, tanta gente que faleceu tão jovem, ou mesmo com certa idade mas de uma forma ou em um momento que... sei lá, fica um vazio, sensação de algo incompleto.