Postado originalmente por
Bruna'
Embora a grande maioria de drag queens sejam homens cis gay, existem muito casos que são mais complicados.
Como o Reinaldo bem disse, muitas descobrem sua "transgeneridade" através do drag, é o caso da Nany People por exemplo. Sempre ouvi muita gente perguntando se a Nany era drag ou trans, só que o caso dela na minha opinião é um desses um pouco mais complicados: pelo que eu entendi, "Nany People" começou como nome de drag, porém virou o nome de fato dela ao longo da descoberta dela.
A Nany parou de fazer drag até onde eu sei, mas continuou tendo aquela aparência e presença exuberante, e por isso no imaginário coletivo ela é associada à "estética drag", e ela mesmo não se rotula, mas vive como uma mulher, trocou os documentos, cirurgia de afirmação de gênero, enfim. Tem outras drags que podem viver suas vidas inteiras sob uma identidade feminina mas não necessariamente se rotularem como mulher, trans, ou qualquer uma dessas coisas, porque não existia a abundância de informação que existe hoje, como a Nany disse, elas "derrubavam barreiras sem saber que estavam derrubando".
Já conheci muitas travestis/drags que riam da ideia de "se tornar mulher", não porque isso não havia lhes ocorrido, mas porque pra elas parece um absurdo, algo impossível, porque elas vem de uma época onde as pessoas cansaram de enfiar o dedo na cara delas e dizer que elas não poderiam, que nunca seriam mais do que uma imitação, um "drag". Eu cresci sem referências do que uma mulher trans respeitável podia ser, cresci com uma sociedade transfóbica e homofóbica que tirava sarro de gente como a Vera Verão (inclusive descanse em paz grande Jorge Lafond), eu achava que era impossível ser trans e permanecer verdadeira a mim mesma, e pelo que converso e observo faz muito tempo sinto que isso é o que muita gente sente.
Enfim, dito tudo isso, apesar da maioria das drag queens serem homens gays, tem muitas mulheres trans, pessoas não-binário e acho que recentemente vi até mulher cis no meio, drag é uma arte e arte é para todos, eu acho que ninguém se incomoda de certo tipo de pessoa fazendo esse ou aquele tipo de arte, desde que não esqueça das raízes daquela arte.