Fábio Escreveu:Uma coisa ruim de mudar bruscamente o sotaque, tipo português pelo britânico e tal, é que a obra original se perde mais.
Tipo, Primo Cruzado, okay, é legal, tem um valor nostálgico, Newton Da Matta tinindo talento, com umas piadas geniais, com a mudança de etnia e de sotaque do protagonista, mas uma parte da obra original, se perdeu.
Isso tem uma clara relação com a finalidade de determinada adaptação. Naquela época não havia interesse nenhum do cliente em manter aquilo fiel ao original, era direcionado ao público brasileiro especificamente que estava pouco ligando se aquilo era fiel ou não ao original, não havia portanto interesse na manutenção disso. Não é só o caso de Primo Cruzado, várias outras séries, filmes e desenhos animados antigos tinham a mesma pegada. É como se diz por aí, não era uma dublagem em si, tradução efetiva em si, era o que chamamos de 'versão brasileira'. Os Três Patetas era riquíssimo em adaptações que remetiam ao que se falava aqui no Brasil, em Perdidos no Espaço o Borges de Barros também adaptou a seu modo algumas falas do personagem. Em alguns casos, como em Os Três Patetas os dubladores falavam o que vinha na cabeça e não tinha nem sequer no script um direcionamento pra o que iriam fazer em algumas falas, e funcionava bem.
Eu me valho sempre da velha máxima "Cada caso é um caso", tudo é muito válido, se usam o sotaque caipira do interior paulista, de Minas Gerais, podem usar o sotaque do pessoal do Pará, do Rio Grande do Sul, e por que não também de Angola, Moçambique ou Portugal. É tão válido como qualquer outro sotaque, mas a grande questão não é se é válido ou não, o que interfere na qualidade do produto em si é 'know how' de quem está fazendo este tipo de adaptação.
É valido, é, se usam o caipira podem usar outros, agora todos sabemos que não se pode usar a esmo esse tipo de coisa. É preciso bom senso, parcimônia, respeito ao público e ao material original, e sobretudo 'know how', porque senão o risco de incorrer em erro e beirar o ridículo é muito grande. A linha que separa sucesso e fracasso é muito tênue, saber levar as coisas pro lado positivo é pra quem pode.